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Compost Barn é mais sustentável?

Descubra como o compost barn pode transformar a pecuária leiteira, melhorando a sustentabilidade e aumentando a produtividade de forma eficaz.
Quando se fala de conforto pensamos sempre em mais leite, longevidade, maior consumo e saúde, certo? Mas existe um lado que poucas pessoas pensam é que se um Composto Barn pode diminuir o impacto ambiental da atividade leiteira e não estou dizendo isso por amar o sistema, estou dizendo porque gastei mais de 3 anos estudando apenas isso no mestrado.

Hoje quero mostrar por que o caminho que a pecuária de leite está tomando, além de melhorar a vida da vaca e a sua como produtor, pode contribuir e muito com a sustentabilidade.

Primeiro precisamos entender que sustentabilidade não é abraçar a árvore, virar vegano ou virar artista, ou não se interessar por nada que seja financeiro, isso é modinha de gente da cidade com a consciência pesada.

O termo sustentabilidade diz respeito a 3 coisas ou 3 pilares: Ambiental (gases de efeito estufa, dejetos, contaminação de solo, uso de etc.), social (pessoas envolvidas, condições de trabalho, renda etc.) e financeiro (o negócio deve ser sustentável financeiramente). Esses 3 andam juntos inevitavelmente pois precisamos do meio ambiente para produzir (terra, água, chuvas, estações), de pessoas para trabalhar (funcionários, sociedade consumidora) e do financeiro pois é o que sustenta o negócio a longo prazo. Alinhados? Ótimo!

Como o Compost Barn entra nisso? Precisamos pensar em alguns pontos:
  • Uso de terra: Diminuímos a ocupação (porque a área de pastejo diminui) e liberamos para uso pela agricultura. Isso é importante pois a pressão por ocupação de terra é grande não só pela questão agrária, mas pelo preço da terra propriamente dita. Você me pergunta se a produção a pasto não pode ser sustentável, claro que sim, mas este é um ponto positivo do confinamento.

  • Diminuição de uso de adubo químico: O composto produzido é um adubo orgânico riquíssimo do ponto de vista químico e biológico. Quanto mais o tempo passa, mais ele se enriquece e ao invés de exigir um tratamento de dejetos enorme, diminui o impacto e o risco que a produção de esterco pode trazer às propriedades transformando dejeto em adubo orgânico. Viu? Esse é um argumento forte, porque até o mais natureba vai ter que concordar que um adubo orgânico numa horta vai muito bem. Mais um ponto para nós!

  • Emissão de gases de efeito estufa: Primeiramente o leite não é um grande vilão na produção de gases de efeito estufa (cerca de 2.7% da produção mundial segundo Gerber et al. 2011), mas já que somos pressionados e nos exigem respostas, daremos excelentes respostas! O processo de compostagem diminui significativamente a liberação de gases das fazes, transformando em gases mais limpos que o metano.
Além disso há um efeito importantíssimo de diluição na emissão de gases por litro de leite quando a média de produção aumenta. Esse é o principal ponto, ao meu ver, pela pressão que o mercado nos faz todos os dias sobre o que estamos fazendo para diminuir o impacto ambiental da pecuária. Acredito que o leite, mais do que qualquer setor pode bater no peito e dizer: Evoluímos!
Gráfico de relação de produção de leite com emissão de carbono.
Gráfico 1 - Relação de produção de leite com emissão de carbono. Fonte: Gerber et al, 2011.
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Se investirmos em conforto e, lembre-se sempre que conforto não é apenas barracão, mas uma conjunção de itens como alimentação, manejo, etc. aumentamos consideravelmente a média de produção, saúde e longevidade.

Como isso ajuda o meio ambiente? Veja o gráfico acima. Ele mostra que quanto mais leite uma vaca produz menor a emissão de gases por litro de leite. Um bom exemplo disso é a pegada de carbono (sempre nas mídias) que é a soma de todos os gases emitidos, todo combustível e todo recurso de carbono utilizado na produção de um produto. No compost, diminuímos a pegada de carbono do leite.

Continuemos com os pontos importantes:
  • Socialmente

    Se melhoramos a condição de trabalho, se podemos remunerar melhor, se treinamos, se empregamos pessoas em negócios saudáveis, não estamos contribuindo para a justiça social? Não estamos desenvolvendo pessoas? Isso é algo que nunca mostramos da atividade leiteira, mas qual setor consegue empregar analfabetos por exemplo? A pecuária ainda emprega e consegue dar qualidade de vida e trabalho para muita gente que na cidade estaria sem emprego.

    Além disso, quantas fazendas dão casa, possibilidade ter seu pomar, ter seus animais na fazenda. Não estamos melhor que uma boa parcela de empresas urbanas que apenas os coloca numa linha de produção e nada mais? Socialmente também evoluímos grandemente, infelizmente ainda há muitos produtores com a mentalidade de exploração de mão de obra (como em todos os setores), mas é crescente e significativa a busca por melhorar o engajamento, diminuir rotatividade e acidentes. Num compost, essa é uma grande oportunidade também, não apenas no compost, mas uma fazenda mais enxuta em extensão, que entrega vacas mais limpas na ordenha com certeza dá mais condição de trabalho aos funcionários.
  • Financeiro

    Obviamente se a produtividade aumenta dentro de um projeto bem dimensionado, ou seja que tem o número certo de animais, consegue produzir comida, consegue otimizar as áreas e consegue evoluir em saúde, longevidade e diminuição de descarte tenho certeza absoluta que o financeiro da fazenda vai ser impactado positivamente, ou pelo menos estará mais protegido dos altos e baixos do mercado. Que faz parte do jogo.
Amigos, tenhamos argumentos reais para usar. Leve isso claro na sua mente e com seu time de trabalho na fazenda. Imprima esse artigo, discuta com sua família (especialmente se você tem filhos ou netos adolescentes) e nas reuniões com sua equipe. Mostre que além de conforto, nutrição, reprodução e tantas outras preocupações, somos sustentáveis ou estamos caminhando para isso.
Espero ter contribuído com pequenas luzes para que você busque informações mais a fundo.

Forte abraço!
Hayla Fernandes